terça-feira, 10 de agosto de 2021

 


EDNARDO - TERRAL DOS SONHOS



O compositor cantor e violonista José Ednardo Soares Costa Souza - o Ednardo -  nasceu em Fortaleza, em 1945. 

Ele iniciou a carreira musical na sua terra natal, no início da década de 1970, juntamente com outros artistas, como Fagner, Belchior e Amelinha. O artista teve importante papel no cenário musical cearense, com grande contribuição para a promoção das artes no Ceará.

Sua obra se destaca por uma combinação de elementos rurais e urbanos, uma junção de influência de ritmos nordestinos com elementos regionais e rock. Ednardo incorpora em suas composições a paisagem de Fortaleza e a musicalidade de ritmos nordestinos. 

Muitas letras de Ednardo tratam constantemente da mudança para o sul do país e da saudade de seu estado natal. 

Além de suas letras remeterem constantemente às paisagens de Fortaleza, sua musicalidade trabalha com um estilo de canção, muito baseada em sua levada ao violão, com referências de ritmos do nordeste, como baião e maracatu. 


Ouça a canção de Ednardo,  "Terral" (1973), acompanhe a letra e responda ao que se pede:



           https://www.youtube.com/watch?v=l06w7ds2CuY


TERRAL (Ednardo)

Eu venho das dunas brancas
Onde eu queria ficar
Deitando os olhos cansados
Por onde a vida alcançar
Meu céu é pleno de paz
Sem chaminés ou fumaça
No peito enganos mil
Na Terra é pleno abril
Eu tenho a mão que aperreia,
Eu tenho o sol e areia
Eu sou da América, sul da América, South America
Eu sou a nata do lixo,
Eu sou o luxo da aldeia, eu sou do Ceará

Aldeia, Aldeota, Estou batendo na porta pra lhe aperriá Pra lhe aperriá, pra lhe aperriá Eu sou a nata do lixo, Eu sou o luxo da aldeia, eu sou do Ceará A Praia do Futuro, O farol velho e o novo são os olhos do mar São os olhos do mar, são os olhos do mar O velho que apagado, O novo que espantado, vento a vida espalhou Luzindo na madrugada,
Braços, corpos suados, na praia falando amor.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

 

Exercícios de ortografia 


1- Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) paralisar, pesquisar, deslizar.

b) alteza, empreza, francesa.

c) cuscus, chimpanzé, enxer.

d) incenso, preção, obsessão.

e) chineza, marquês, ganxo.

2  – “A ___ de uma guerra nuclear provoca uma grande ___ na humanidade”.

a) espectativa – tensão.

b) espectativa – tenção.

c) expectativa – tensão.

d) expectativa – tenção.

e) espectativa – tenção – exitante


3 - Assinale a palavra que apresenta erro de ortografia.

a) capaz

b) traz (verbo)

c) atravéz

e) giz

4 – Assinale a alternativa cujas palavras estejam corretamente grafadas:

a) pajé, xadrês, flecha, mixto, aconchego

b) abolição, tribo, pretensão, obsecado, cansaço

c) gorjeta, sargeta, picina, florescer, consiliar

d) xadrez, ficha, mexerica, enxame, enxurrada

e) pagé, xadrês, flexa, mecherico, enxame



terça-feira, 3 de agosto de 2021

 

MEMÓRIAS LITERÁRIAS


LEIA OS TEXTOS A SEGUIR E SE INSPIRE PARA A ESCRITA DA SUA PRODUÇÃO TEXTUAL

 

TEXTO 1 - TEMPOS IDOS DE AMOR E ALEGRIA

Kaylane Vieira Pacheco

 A primeira lembrança que me vem à mente é a estrada, que ia longa, comprida a perder de vista. A região em que ficava a fazenda onde a gente vivia no interior era quente, o sol tinia o dia inteiro e castigava o pasto e as plantações. E a longa estrada, de terra batida, era uma poeirada só. A gente se levantava cedo e ia para o curral iniciar a ordenha. Meu avô conhecia todas as vacas pelos nomes e meu trabalho era levar o bezerro até sua mãe para mamar um pouquinho. “Isso ajuda a soltar o leite”, ele ensinava. Minha mãe, junto com as outras moças da fazenda, fazia o queijo, o melaço e a rapa - dura, que eu comia escondido debaixo dos pés de goiaba junto com a molecada. Mas o que eu gostava mesmo era quando chegava a noite. A gente fazia uma imensa fogueira para espantar mosquito, e assava batatas-doces no braseiro e comia até não poder mais, enquanto meu avô contava suas histórias. Eram histórias de tempos vividos no casarão da fazenda, em que o trabalho escravo ainda era a mão de obra no canavial. “Tempo triste”, dizia ele, “de sofrimento e dor”.

Até hoje eu guardo o cheiro da lenha queimando. E guardo também o cheiro da terra molhada, quando a chuva resolvia nos abençoar. Na época das chuvas, eram formadas grandes poças de água na estrada, e nosso divertimento no caminho de ida para o grupo escolar - assim se chamava a escola naquela época - era pisar e repisar naqueles bolsões que se formavam no estradão. Tudo era motivo de brincadeira e alegria.

Hoje, já casado, com meus filhos, tento reviver com eles minha época de infância na fazenda. Conto as histórias em volta da fogueira nas noites de inverno (nem sei se sou eu, ou o que ficou de meu avô em mim) e mostro as longas palmeiras que foram plantadas em frente à sede pelo bisavô deles e que resistem ao tempo. São tempos idos, mas que estão vivos e preservados em minha memória e que perpetuo através das novas gerações.

 

* Texto baseado na entrevista realizada com Vicente Madureira Campos, de 78 anos

 

Professora Rosiara Campos Knupp

CM Dermeval Barbosa Moreira, Nova Friburgo-RJ (Texto finalista OLP 2019)


TEXTO 2 - “MULEQUE, VEM PRA DENTRO” 

Luiz Felipe Cândido Pires

Nasci neste lugar. Tenho orgulho em dizer que os meus pais ajudaram a criar o bairro. No local havia apenas um lixão. Os primeiros moradores foram chegando e, com a cara e a coragem, foram construindo suas casas nos arredores. Não vou mentir, eu costumava procurar brinquedos e outras tranqueiras no meio do lixo, às vezes conseguia achar alguma coisa boa que prestava para usar. Conforme o bairro foi se formando, os moradores foram pedindo para tirar o lixão. No início, havia apenas algumas casas de pau a pique cobertas com palhas. Me recordo bem da minha mãe dizendo que ia pintar a casa, o que consistia em pegar barro branco e passar nas paredes, para que os insetos e a água da chuva não entrassem. O barreado deixava as paredes brancas como papel.

Texto baseado na entrevista realizada com Marcelo de Jesus Souza, de 36 anos

Professor Senio Alves de Faria EMEF Princesa Isabel, Rondonópolis-MT (Texto finalista OLP)




PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL

Converse com seus pais ou seus avós e escreva um texto de memórias, contado sobre como era o lugar onde viviam e relatando lembranças de infância e juventude.


quarta-feira, 28 de julho de 2021

  Emojis

Observe a imagem e leia a descrição abaixo:



Os emojis são figurinhas virtuais utilizadas para comunicação através das mídias sociais. Esse formato de comunicação dispensa o uso de palavras e utiliza as imagens símbolos para transmitir as sensações e os sentimentos através das Emoticons - termo derivado do inglês emotion (emoção) + icon (ícone). 

Apesar do nome possuir essa derivação da língua inglesa, o emoji ou smiley é uma criação japonesa e hoje é considerada uma forma popular e universal para no mundo.

                                                                Disponível em: https://qgdocelular.com/historia-dos-emoticons/. Acesso em 4/2/2021.


Imagem 2 - Emoji e criança com rosto sorridente



Disponível em: <https://br.freepik.com/vetores-premium/emoji-de-rosto-sorridente-com-bochechas-coradas-ou-emoticon-de-sorriso-feliz-comolhossorridentes_11676632.htm >.<https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-usando-polo-azul-1068209/> Acesso em: 22/2/2021.


AGORA É A SUA VEZ:


ATIVIDADE

As imagens acima apresentam a referência que os emojis fazem ao representar as expressões do rosto humano para manifestar como nos sentimos, demonstrando sua capacidade de representar e comunicar uma grande variedade de emoções e sensações.

- Com base nas suas vivências durante a quarentena, DESENHE, em seu caderno, um emoji que melhor representa a sua experiência nesse período de isolamento e ESCREVA sobre a emoção, a sensação, o sentimento que ele expressa.


Conteúdo disponível em: https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/fortalecimento-das-aprendizagens. Acesso em 22/7/2021.


quarta-feira, 19 de maio de 2021


- Leia o texto seguir, do escritor João Ubaldo Ribeiro, e responda ao que se pede:

Memória de livros

Não sei bem dizer como aprendi a ler. A circulação entre os livros era livre (tinha que ser, pensando bem, porque eles estavam pela casa toda, inclusive na cozinha e no banheiro), de maneira que eu convivia com eles todas as horas do dia, a ponto de passar tempos enormes com um deles aberto no colo, fingindo que estava lendo e, na verdade, se não me trai a vã memória, de certa forma lendo, porque quando havia figuras, eu inventava as histórias que elas ilustravam e, ao olhar para as letras, tinha a sensação de que entendia nelas o que inventara. 

Segundo a crônica familiar, meu pai interpretava aquilo como uma grande sede de saber cruelmente insatisfeita e queria que eu aprendesse a ler já aos quatro anos, sendo demovido a muito custo, por uma pedagoga amiga nossa. Mas, depois que completei seis anos, ele não aguentou, fez um discurso dizendo que eu já conhecia todas as letras e agora era só uma questão de juntá-las e, além de tudo, ele não suportava mais ter um filho analfabeto. Em seguida, mandou que eu vestisse uma roupa de sair, foi comigo a uma livraria, comprou uma cartilha, uma tabuada e um caderno e me levou à casa de D. Gilete.

João Ubaldo Ribeiro. Um brasileiro em Berlim
Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, pp. 106-107.


João Ubaldo Ribeiro, em "Memória de livros", faz o registro literário de suas recordações de menino: o casarão onde morava em Aracaju (SE), os avós, os pais, a primeira professora, os livros e as revistas que lia, os gestos de leitura mesmo antes de ser alfabetizado. 

Trata-se, portanto, de um texto de memórias literárias. Ao se colocar como narrador-personagem - recurso muito utilizado em textos desse gênero - o autor recria o passado e procura transportar o leitor para o tempo e o espaço onde ocorreram os acontecimentos narrados.


 Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/caderno_virtual/etapa/generos-textuais-diferentes/index.html
 

ATIVIDADE

1) Qual o tema tratado no texto?

2) Quem vivenciou e está narrando os acontecimentos? 

3) O narrador tinha convivência com livros mesmo antes de aprender a ler? Explique.

4) Relembre a época em que você aprendeu a ler. Como se sentiu? Teve dificuldades? Recebeu incentivo de alguém? 
- Escreva um pequeno texto contando como foi este momento em sua vida. 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

 

THIAGO DE MELLO

Thiago de Mello
Nasceu a 31 março 1926
(Manaus AM)
Amadeu Thiago de Mello é um poeta e tradutor brasileiro natural do Estado do Amazonas, é um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas.

- Um estatuto é uma lei orgânica ou um regulamento especial que define os direitos e deveres de determinadas camadas sociais, como o Estatuto da Criança e Adolescente e o Estatuto do Idoso.

Poema-manifesto publicado em 1964, ano de instauração do regime militar que durou até 1984, “Os Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello, representa um marco na luta pela liberdade de consciência estipulada pelo artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
O texto é dedicado ao jornalista e escritor Carlos Heitor Cony e foi escrito em Santiago, no Chile, para onde foram muitos exilados pela ditadura. Aos 92 anos, o poeta amazonense nascido em Barreirinha continua cultivando a esperança. Abaixo, o poema-manifesto:



OS ESTATUTOS DO HOMEM


(Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony


Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Santiago do Chile, abril de 1964, publicado no livro "Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar" (1965).






 

THIAGO DE MELLO

Thiago de Mello
Nasceu a 31 março 1926
(Manaus AM)
Amadeu Thiago de Mello é um poeta e tradutor brasileiro natural do Estado do Amazonas, é um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas.

- Um estatuto é uma lei orgânica ou um regulamento especial que define os direitos e deveres de determinadas camadas sociais, como o Estatuto da Criança e Adolescente e o Estatuto do Idoso.

Poema-manifesto publicado em 1964, ano de instauração do regime militar que durou até 1984, “Os Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello, representa um marco na luta pela liberdade de consciência estipulada pelo artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
O texto é dedicado ao jornalista e escritor Carlos Heitor Cony e foi escrito em Santiago, no Chile, para onde foram muitos exilados pela ditadura. Aos 92 anos, o poeta amazonense nascido em Barreirinha continua cultivando a esperança. Abaixo, o poema-manifesto:



 




OS ESTATUTOS DO HOMEM


(Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony


Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Santiago do Chile, abril de 1964

Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar (1965).

- É importante observar que o poema foi escrito na década de 60 e a palavra homem não se refere ao gênero masculino, mas a todos os seres humanos). 

ATIVIDADE

- No poema, Thiago de Mello aborda o que ele acredita ser o melhor para uma 

convivência pacífica entre os seres humanos. 

01) O que aproxima o poema de um estatuto é a sua estrutura, com o uso de expressões como

 “Artigo I, Artigo II, Artigo III” , e também da expressão “Fica decretado”.

 No entanto, o poema aborda assuntos e ideias bem diferentes do que é comumente

 abordado em textos de leis? Cite algumas das reflexões presentes no poema. 

03) Quantas estrofes compõem o poema? 

04) Leia os veros do Artigo II e responda ao que se pede:

Artigo II 

Fica decretado que todos os dias da semana,

inclusive as terças-feiras mais cinzentas,

têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


a) A palavra "cinzentas" é utilizada para caracterizar qual substantivo?

b) No contexto do poema, é correto afirmar que a palavra "cinzentas" 

expressa outros sentidos e não apenas a ideia de cor? Explique. 

c) A partir da leitura do texto, reflita: qual seria a diferença entre

 as terças-feiras cinzentas e as manhãs de domingo?

d) Você considera que o Artigo II estabelece um direito que pode contribuir

 com o bem-estar das pessoas? Explique