terça-feira, 3 de agosto de 2021

 

MEMÓRIAS LITERÁRIAS


LEIA OS TEXTOS A SEGUIR E SE INSPIRE PARA A ESCRITA DA SUA PRODUÇÃO TEXTUAL

 

TEXTO 1 - TEMPOS IDOS DE AMOR E ALEGRIA

Kaylane Vieira Pacheco

 A primeira lembrança que me vem à mente é a estrada, que ia longa, comprida a perder de vista. A região em que ficava a fazenda onde a gente vivia no interior era quente, o sol tinia o dia inteiro e castigava o pasto e as plantações. E a longa estrada, de terra batida, era uma poeirada só. A gente se levantava cedo e ia para o curral iniciar a ordenha. Meu avô conhecia todas as vacas pelos nomes e meu trabalho era levar o bezerro até sua mãe para mamar um pouquinho. “Isso ajuda a soltar o leite”, ele ensinava. Minha mãe, junto com as outras moças da fazenda, fazia o queijo, o melaço e a rapa - dura, que eu comia escondido debaixo dos pés de goiaba junto com a molecada. Mas o que eu gostava mesmo era quando chegava a noite. A gente fazia uma imensa fogueira para espantar mosquito, e assava batatas-doces no braseiro e comia até não poder mais, enquanto meu avô contava suas histórias. Eram histórias de tempos vividos no casarão da fazenda, em que o trabalho escravo ainda era a mão de obra no canavial. “Tempo triste”, dizia ele, “de sofrimento e dor”.

Até hoje eu guardo o cheiro da lenha queimando. E guardo também o cheiro da terra molhada, quando a chuva resolvia nos abençoar. Na época das chuvas, eram formadas grandes poças de água na estrada, e nosso divertimento no caminho de ida para o grupo escolar - assim se chamava a escola naquela época - era pisar e repisar naqueles bolsões que se formavam no estradão. Tudo era motivo de brincadeira e alegria.

Hoje, já casado, com meus filhos, tento reviver com eles minha época de infância na fazenda. Conto as histórias em volta da fogueira nas noites de inverno (nem sei se sou eu, ou o que ficou de meu avô em mim) e mostro as longas palmeiras que foram plantadas em frente à sede pelo bisavô deles e que resistem ao tempo. São tempos idos, mas que estão vivos e preservados em minha memória e que perpetuo através das novas gerações.

 

* Texto baseado na entrevista realizada com Vicente Madureira Campos, de 78 anos

 

Professora Rosiara Campos Knupp

CM Dermeval Barbosa Moreira, Nova Friburgo-RJ (Texto finalista OLP 2019)


TEXTO 2 - “MULEQUE, VEM PRA DENTRO” 

Luiz Felipe Cândido Pires

Nasci neste lugar. Tenho orgulho em dizer que os meus pais ajudaram a criar o bairro. No local havia apenas um lixão. Os primeiros moradores foram chegando e, com a cara e a coragem, foram construindo suas casas nos arredores. Não vou mentir, eu costumava procurar brinquedos e outras tranqueiras no meio do lixo, às vezes conseguia achar alguma coisa boa que prestava para usar. Conforme o bairro foi se formando, os moradores foram pedindo para tirar o lixão. No início, havia apenas algumas casas de pau a pique cobertas com palhas. Me recordo bem da minha mãe dizendo que ia pintar a casa, o que consistia em pegar barro branco e passar nas paredes, para que os insetos e a água da chuva não entrassem. O barreado deixava as paredes brancas como papel.

Texto baseado na entrevista realizada com Marcelo de Jesus Souza, de 36 anos

Professor Senio Alves de Faria EMEF Princesa Isabel, Rondonópolis-MT (Texto finalista OLP)




PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL

Converse com seus pais ou seus avós e escreva um texto de memórias, contado sobre como era o lugar onde viviam e relatando lembranças de infância e juventude.


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